Produção Científica
URI permanente desta comunidade https://axis.ghc.com.br/handle/123456789/2
Navegar
Item FORMAÇÃO EM SERVIÇO PARA O SUS: FAZER E PENSAR NA INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO(Grupo Hospitalar Conceição, 2019-05-15) Castilhos, Thaiani Farias de; Branchi, Aline Zeller; Fajardo, Ananyr Porto; Orofino, Maria Marta Borba; Azevedo, Rodrigo de Oliveira; Rodrigues, ElisandroPrestes a comemorar 15 anos, a Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que, atualmente, conta com 6 Programas Multiprofissionais e 1 em Área Profissional, oferecendo ao Sistema Único de Saúde (SUS), a cada ano, mais de 80 profissionais altamente qualificados, bem como suas produções científicas que alcançam, em diferentes graus, os mais diversos serviços de saúde, assumiu o desafio de uma publicação que valorize a produção dos residentes, oriunda dos seus Trabalhos de Conclusão da Residência. Assim, esta é a terceira publicação da RMS e marca um momento importante de valorização da pesquisa no âmbito da formação em saúde. Em 2010, foi lançado o livro “Residências em Saúde: fazeres e saberes na formação em saúde”, que trouxe um pouco da experiência institucional de implantação dos programas no GHC, compreendendo os serviços de saúde como espaços privilegiados para a formação para o SUS. O livro “RIS/GHC: 10 anos fazendo e pensando em atenção integral à saúde”, lançado em 2014, marca os 10 anos da Residência Multiprofissional do GHC, compartilhando as reflexões elaboradas nesta experiência. Esta terceira publicação, amparada pelo texto Constitucional que atribui ao SUS a competência de “incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação” e pela necessidade de os residentes produzirem trabalhos de conclusão de residência individuais, apresenta 15 artigos inéditos escritos por egressos das turmas de 2012 a 2016. Os artigos foram selecionados por comitê científico que, após lançamento de edital, avaliou mais de 60 textos. Por meio deste livro, em consonância com a visão institucional do GHC, objetiva-se destacar a importância da produção e da disseminação de conhecimentos como condições indispensáveis para o acolhimento e para o cuidado com qualidade e segurança na área da saúde. Desta forma, ele se caracteriza como mais uma contribuição da Residência Multiprofissional em Saúde do GHC para a qualificação dos serviços que são prestados à população brasileira. Desejamos uma leitura inspiradora a todos e que os frutos dela sejam profícuos!Item INQUIETAÇÕES PANDÊMICAS: VIVÊNCIAS EM TEMPOS DE CORONAVIRUS(Grupo Hospitalar Conceição, 2020-05-15) Rodrigues, Elisandro; Castilhos, Thaiani Farias deParecia um filme, daqueles bem apocalípticos, ruas vazias, silenciadas à força, nos poucos que circulavam, percebia-seapenas um olhar solidário, como se dissesse “te cuida aí”, nos prédios, quem nunca se via, passa a se espiar pela sacada, teu olhar flor na janela me faz morrer, medo, medo de tocar, de respirar, acordar com medo, dormir com angústia, chegar em casa, correr pra televisão e acompanhar os números epidemiológicos, cada vez mais mortes, possível falta de acesso a equipamentos de proteção, como atenderemos aos pacientes sem proteção? podemos? devemos? muitas informações desencontradas, contraditórias, usar máscara sempre, não usar, escudo de proteção, fiasco, necessidade? hospitais cheios, de gente, gente com medo, gente que quase esquecia que era gente quando, no supermercado, corria para estocar tudo o que fosse possível, muito papel higiênico, vai entender, um bicho solto, um cão sem dono, e se faltarem leitos? e se faltarem respiradores? quem vai escolher quem vive e quem morre? pobres, ricos, tão iguais e as pessoas, que saudade de ser sem medo, isolados, nunca sentiu-se tanta saudade da rua, do sol, do vento no rosto sem compromisso, como todo filme apocalíptico, alguns heróis tentando sobreviver, a que custo? ser herói ficou tão difícil, pesado, nada romântico, meu desejo se confunde com a vontade de não ser, heróis caindo, sendo banidos, cada um que caía derrubava junto a esperança de que tudo fosse passar logo, todo dia um dilema ético, uma decisão que parecia ser vital, ver, não ver, encontrar, isolar, ficar, sair, chorar, choro que encharca a máscara, fura barreiras, às vezes me preservo, noutras suicido, cada vez mais gente na rua por falta de casa, discursos perversos que tiraram o ar mais que qualquer vírus, sufocamento coletivo, sufocamento das potências, dos afetos, das vontades, das vidas, oh, sim, eu estou tão cansado, ao mesmo tempo todos os pequenos carinhos ganham tanto espaço no corpo, tão marcantes, na pele, na alma, agradecer, quando vai acabar? vai acabar? a minha pele tem o fogo do juízo final... É no meio disso, sem ponto final e quase sem espaço pra respirar, que surgem potências criativas. Este livro reúne fragmentos dessa vida pandêmica, desse novo modo ser, estar, viver isolado-coletivamente. A Residência Multiprofissional em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição quer, através desse registro-marca, deixar inscritas as vivências dos residentes, preceptores e orientadores nesses mais de 10 meses de pandemia de Coronavírus. Em meio a tantos sufocamentos, compartilhar os sentimentos e as criações possíveis no campo da saúde desde a perspectiva da formação em serviço é uma grande vitória, marcando a importância da formação no, para e pelo SUS. A reinvenção cotidiana que a pandemia instituiu fica aqui registrada como forma de dar vazão a tantas vivências e de marcar um legado futuro. Convidamos todos e todas para uma pausa na vida pandêmica, tomando um fôlego para conhecer um pouco mais das experiências-construções produzidas pelo nosso time. tão diferentes, como sempre, ando tão à flor da pele, pele, logo ela, tão perigosa, tão evitada, que saudade de abraçar.Item RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NO SUS: FORMAÇÃO E A PRODUÇÃO EM SAÚDE(Grupo Hospitalar Conceição, 2020-05-15) Branchi, Aline Zeller; Rodrigues, Elisandro; Castilhos, Thaiani Farias deQuando vim para a equipe da Residência Multiprofissional do GHC a frase que mais ouvi foi “cuidado, não é fácil aguentar esse rojão”. E por quê? Porque fazer formação no e para o SUS não é tarefa simples, daquelas que se faz à toa, de olhos fechados e mente distraída. Construir possibilidades de formação desde o cotidiano dos serviços de saúde no Brasil requer, além de muita perseverança, uma boa dose de paciência e, por que não, teimosia. Forjar-se trabalhador do SUS é uma das escolhas mais difíceis, porque escolhe-se não ser apenas um funcionário de uma instituição, mas protagonista na construção diária de um sistema de saúde que se propõe a grandiosidades. Ser universal, integral, equânime e democrático, num país do tamanho do Brasil, requer uma imensa capacidade de construir redes e de estar continuamente em formação. É neste contexto que as residências em saúde surgem: com a promessa de formar trabalhadores imbuídos deste espírito, altamente identificados com os princípios norteadores deste sistema de saúde que é único em sua experiência. Daí emerge o desafio: a grandiosidade evidencia as contradições, os limites e as impossibilidades. “Eu queria querer-te amar o amor Construir-nos dulcíssima prisão Encontrar a mais justa adequação Tudo métrica e rima e nunca dor Mas a vida é real e de viés E vê só que cilada o amor me armou Eu te quero (e não queres) como sou Não te quero (e não queres) como és” Formar trabalhadores no e para o SUS é deparar-se constantemente com o contraditório, com os limites impostos pela dificuldade de construir um sistema de saúde que muitas vezes coloca em xeque nossos modos de nos relacionarmos em sociedade: a vida é real e de viés... A residência desestabiliza, desacomoda e, por vezes, até incomoda. O residente vem para os programas de residência multiprofissional buscando qualificar-se e – eventualmente – mudar o mundo. Encontra trabalhadores mais e menos identificados com esta missão, serviços de saúde mais e menos alinhados com as políticas públicas construídas e idealizadas, mais e menos dispostos a aprender e ensinar: vê só que cilada o amor me armou... É nesse encontro múltiplo e improvável que acontece a formação em serviço. Residentes que, na maioria, chegam direto das Universidades, cheios de conhecimentos na cabeça, encontram comunidades e serviços de saúde calejados pelos desafios de fazer saúde. Aprender colocando a mão na massa, apender fazendo e sendo. A presença do residente, por si só, provoca, traz o estranhamento e possibilita abertura para a revisão de práticas e, quiçá, teorias. As equipes se desacomodam, se sentem questionadas e questionam. Perguntas que possibilitam mudanças e aberturas aos movimentos. E tudo isso só se torna possível a partir dos afetos que aí se constroem. Formação em serviço, assim, é formar-se e deformar-se desde os afetos e as afetações que o cotidiano possibilita. É tomar a saúde como resultado de uma relação: consigo mesmo, com o outro, com o contexto. “O quereres e o estares sempre a fim Do que em mim é de mim tão desigual Faz-me querer-te bem, querer-te mal Bem a ti, mal ao quereres assim Infinitivamente pessoal E eu querendo querer-te sem ter fim E, querendo-te, aprender o total Do querer que há e do que não há em mim” A verdade e a ciência não estão dadas, o saber não está pronto. E se é na relação com o outro, na troca, que construímos saberes, saúde e forjamos profissionais para o SUS, é através da pesquisa que damos formas às experiências e compartilhamos com o mundo. A relação da pesquisa com a formação em serviço passa pela possibilidade de construir novas teorias, novos saberes, novos conceitos advindos do que há de mais precioso para a saúde: as relações de troca, infinitivamente pessoal. O olhar curioso, contestador, que não se conforma... A pesquisa na formação em serviço permite estranhar o que se vê. A curiosidade somada ao desejo de mudar, de qualificar, permite que os residentes se lancem na tarefa de desvendar mistérios, de revisar teorias e, principalmente, de criar. Querendo sem ter fim, aprender o total do querer que há e do que não há: possibilidades de, desde o cotidiano mais desafiador, produzir pesquisa, ciência, a partir das afetações produzidas em si, na relação com o outro e com o sistema de saúde. O Grupo Hospitalar Conceição é a maior rede pública de hospitais do sul do Brasil, com atendimento 100% SUS. É neste contexto, e com muito orgulho dele, que produzimos pesquisa a partir da formação em serviço, evidenciando, a cada dia ao longo desses mais de 16 anos de história, que a Residência Multiprofissional em Saúde é potente e tem muito a contribuir na busca de um sistema de saúde cada vez mais universal, integral e equânime. Este livro - Bruta flor do querer – compartilha 17 textos oriundos de Trabalhos de Conclusão da Residência Multiprofissional em Saúde do Grupo na cabeça, encontram comunidades e serviços de saúde calejados pelos desafios de fazer saúde. Aprender colocando a mão na massa, apender fazendo e sendo. A presença do residente, por si só, provoca, traz o estranhamento e possibilita abertura para a revisão de práticas e, quiçá, teorias. As equipes se desacomodam, se sentem questionadas e questionam. Perguntas que possibilitam mudanças e aberturas aos movimentos. E tudo isso só se torna possível a partir dos afetos que aí se constroem. Formação em serviço, assim, é formar-se e deformar-se desde os afetos e as afetações que o cotidiano possibilita. É tomar a saúde como resultado de uma relação: consigo mesmo, com o outro, com o contexto.