Mestrado

URI permanente desta comunidade https://axis.ghc.com.br/handle/123456789/7

Navegar

Resultados da Pesquisa

Agora exibindo 1 - 1 de 1
  • Imagem de Miniatura
    Item
    SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO EM PACIENTES COM PRESCRIÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ASSOCIAÇÃO COM DESFECHOS CLÍNICOS
    (Grupo Hospitalar Conceição, 2018-12-07) Meira, Ana Paula Corrêa; Silva, Flávia Moraes
    Introdução: A síndrome de realimentação (SR) caracteriza-se por um distúrbio severo de eletrólitos, acompanhado de anormalidades metabólicas, que ocorre em pacientes com desnutrição grave, jejum prolongado e/ou etilistas, quando introduzido suporte nutricional com oferta calórica elevada. Essas alterações podem ter repercussões sistêmicas graves, dentre as quais arritmias cardíacas e insuficiência respiratória. Objetivo: Avaliar a incidência de SR em pacientes com prescrição de nutrição parenteral (NP) em um hospital público e a sua possível associação com desfechos clínicos. Metodologia: Estudo de corte histórica envolvendo adultos com prescrição de NP do Hospital Nossa Senhora da Conceição (Porto Alegre – RS), acompanhados pela equipe de Terapia Nutricional nos anos 2016 e 2017, aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição. Foram coletados do prontuário médico e da ficha de acompanhamento da Equipe de Terapia Nutricional dados referentes à internação, à prescrição da NP e ao estado nutricional, além de dados sócio-demográficos e parâmetros laboratoriais. Risco de SR foi determinado a partir dos parâmetros índice de massa corporal (IMC), tempo de jejum anterior a NP, concentrações séricas reduzidas de eletrólitos e etilismo. A SR foi definida a partir da presença de hipofosfatemia, hipomagnesemia e/ou hipocalemia nas primeiras 72h após o início da NP. Pacientes com SR foram comparados àqueles sem SR quanto ao aporte calórico recebido nas primeiras 72 horas após início da NP e aos desfechos clínicos de interesse - tempo de internação hospitalar (TIH) e mortalidade hospitalar. As análises foram realizadas no SPSS 20.0, sendo adotado nível de significância de 5%. Resultados: Foram avaliados 234 pacientes (56,53±15,48 anos; 55,7% homens). A maioria dos pacientes (57,4%) estava internada em unidade de terapia intensiva (UTI) e 56,6% eram oncológicos. O motivo mais frequente para início da NP foi a intolerância à terapia nutricional oral e/ou enteral (23,8%), seguido por presença de fístula entérica ou pancreática (19,6%). Risco de SR foi identificado em 47,7% da amostra estudada e 36,6% dos pacientes incluídos no presente estudo desenvolveram SR: 43% dos pacientes com risco de SR desenvolveram SR em comparação a 57% dos pacientes sem risco de SR (p = 0,238). A frequência de pacientes que desenvolveram SR internados em UTI foi superior àqueles internados em unidades de internação (67,4% versus 32,6%; p = 0,021). O aporte calórico (% de adequação calórica ao alvo nutricional) 9 recebido nas primeiras 72h após o início da NP foi superior no grupo com SR em comparação ao grupo sem SR (60,9±19,5% versus 54,8±13,5%; p = 0,012), não sendo observada diferença entre os grupos no tempo de jejum pré NP e no tempo para atingir o alvo nutricional. Os níveis séricos de potássio e fósforo nas primeiras 72 horas após o início da NP foram significativamente inferiores nos pacientes que desenvolveram a SR em relação aos que não apresentaram essa síndrome. A incidência de óbito não diferiu entre os grupos (sem SR 39,9% versus com SR 41,9%; p= 0,872), enquanto que o TIH (dias) foi significativamente superior nos pacientes com SR em comparação àqueles sem SR [46 (30,0-72,8) versus 56 (35,5-105,5); p= 0,030]. Foi observado aumento de aproximadamente duas vezes na chance dos pacientes com SR permanecerem hospitalizados por período mais prolongado (> 51 dias) em comparação aos pacientes sem SR (RR=1,95 IC 95% 1,11-3,42). Quando os pacientes foram agrupados de acordo com a presença de SR e adequação calórica não foi observada diferença significativa nos desfechos de interesse. Conclusão: Cerca de metade dos pacientes apresentaram risco de SR e mais de 1/3 desenvolveu SR, sendo esta condição mais comum nos pacientes internados em UTI. Foi observado aumento de 1,95 vezes na chance dos pacientes com SR permanecerem hospitalizados por período prolongado (>51 dias) em comparação aos que não tiveram SR. A associação positiva entre presença de SR e aporte calórico recebido pelos pacientes nas primeiras 72 horas reforça a necessidade de protocolos para progressão mais lenta da terapia nutricional naqueles em risco de SR. Sendo assim, as perspectivas futuras contemplam a elaboração e implementação de um protocolo para identificação, prevenção, manejo e monitoramento de pacientes em risco de SR no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Posteriormente, pode-se realizar um novo estudo com o propósito de verificar a efetividade da implementação deste protocolo em reduzir a incidência de SR neste hospital.
login